Olá leitores, tudo bem? Nesse post cada integrante do grupo falará um pouco a respeito de como se estabeleceu e como se comportou sua própria relação com a cidade de São Paulo ao longo de todo o projeto do Móbile na Metrópole. Espero que gostem!
Pedro Expósito: Bem, para mim é evidente que a minha relação com a cidade de São Paulo mudou bastante após o estudo do meio e todo o projeto do Móbile na Metrópole em si. Como dito em meu post anterior, eu pude obter uma série de aprendizados ao longo desse ano, aprendizados esses que com certeza refletem uma visão, ou melhor, um ponto de vista diferente acerca dessa grande metrópole. Em primeiro lugar, apesar de ter escolhido um tema – “importância dos parques para a cidade” – sobre o qual eu já tinha um certo conhecimento, a partir da realização do trabalho eu pude abrir minha mente em outro nível. Essa relação, que eu chamaria de associação mutualística (biologia na veia) entre a cidade e os parques se mostrou muito mais clara e muito mais presente para mim. Acho que no final das contas, aquilo que apresentamos no nosso documentário busca abrir as mentes de nosso público como resultado de uma abertura, em primeiro lugar, de nossas próprias mentes. A questão é que essa expansão de nossos horizontes só foi possível a partir dessa imersão em São Paulo, tanto no estudo do meio, quanto em nossos dias de pesquisas e entrevistas. Bom, além dessa relação com nosso próprio tema, também pude vivenciar outros tipos de aprendizados e, portanto, outros novos pontos de vista acerca dessa metrópole. Eu, particularmente, vivia muito em meu “mundinho” – casa, escola; escola, casa; casa, cinema; cinema, casa. Eu definitivamente via o centro de São Paulo como uma “outra cidade”. E acredito que por essa falta de conhecimento a respeito do lugar, eu confesso que apresentava certos juízos de valor acerca dele. Nesse aspecto, a ida ao estudo do meio e minhas posteriores idas a diversos parques da cidade, de diversas regiões, junto a meu grupo, definitivamente me ajudaram a reconstruir um ponto de vista. Em outras palavras, pude experimentar essas supostas “regiões perigosas e/ou impenetráveis” de maneira a de fato integrá-las a minha concepção do que é São Paulo. De maneira a apreciá-las e vivê-las como parte dessa metrópole. Pois é, como da pra perceber, todo esse projeto do Móbile na Metrópole evidentemente mudou muito minha relação com a cidade, de modo a reconstruir diversos juízos de valor e preconceitos que detinha, e ampliar minha concepção do que de fato é essa grande metrópole.
Ioni: Com toda a minha sinceridade, acho difícil avaliar se a minha relação com a cidade de São Paulo mudou após este ano de Móbile na Metrópole. Se achava difícil dizer como essa relação era no início, sinto que agora estou ainda mais confuso como está a minha relação com minha cidade. Mas sim, por outro lado, posso dizer que certos pontos essenciais eu ganhei nesses 3 dias de estudo do meio e nesse ano como um todo, pontos que me colocaram um óculos para enxergar melhor a cidade em que vivo. Poderia citar inúmeros exemplos, porém dois que me deixaram marcados são: a noite do estudo do meio que estivemos na praça Roosevelt praticando Parkour e a visita de meu grupo ao Parque da Juventude. Acredito que esses dois episódios me marcaram uma vez que me mostraram que é possível criar laços mais próximos com esta Metrópole e, principalmente, que não podemos ter medo das “loucuras” que ela nos proporciona. Acho que dizer que minha relação com a cidade mudou absurdos seria um total clichê, como meu caríssimo professor André diria, mas sim dizer que consigo ter uma visão mais profunda sobre todos os fatos que estão presentes no dia-a-dia do paulistano. Exemplifico isto com outras cenas que vivenciei: a cada grafite/piche que vejo nas ruas ou em exposições, o poder enxergar aquilo como uma clara mensagem artística e não somente como algo feio ou bonito foi algo que tomei como um grande aprendizado após ter feito o roteiro do grafite no segundo dia do estudo do Meio. Dessa forma, mais do que dizer que minha relação com a cidade de São Paulo ficou mais próxima, acredito que hoje, após passar por todo este ano de Móbile na Metrópole, tenho uma visão muito mais crítica e profunda sobre os fatos que permeiam as ruas paulistanas. E por isso, só tenho a agradecer a este projeto!
Castro: Avaliando como eu me relacionava com São Paulo antes do estudo do meio e depois, percebo que mudei minha perspectiva em relação à cidade. Antes, eu costumava a andar de ônibus tanto quanto eu ando hoje em dia. Porém, o que eu percebo que mudou foi meu olhar para a cidade. Quando eu estou passando pelas ruas de SP, eu me pego muitas vezes observando grafites, pichações e outras manifestações artísticas, especialmente depois de ter feito uma oficina sobre esse assunto. Eu acho que isso foi uma das coisas mais importantes que eu vou levar do MNM que é olhar a cidade e, no meio de tanto concreto, conseguir enxergar a arte. Além disso, costumo andar de bicicleta frequentemente em trajetos curtos e no meu roteiro do estudo do meio tive a oportunidade de experimentar um trajeto muito maior e entrar em contato com motoristas que são desrespeitosos com os ciclistas. Acho que o cuidado e a preocupação com os que andam de moto e bike será uma das coisas que eu vou manter quando começar a dirigir, pois sei o quanto pode ser difícil se locomover em duas rodas pela cidade. Acredito que continuarei restrito minha “bolha” de SO, mas aos poucos vou começar a sair dela e experimentar o que essa cidade pode oferecer a seus habitantes. Essa atitude só começou após o Móbile na Metrópole que ajuda a libertar os alunos de suas realidades restritas para uma maior, a da cidade de São Paulo.
Edu Palma: Nas aulas de filosofia da Móbile, tivemos uma discussão no começo do ano sobre viver em uma ilusão ou vermos a realidade como ela realmente é. Como exemplo, nosso professor usou o filme Matrix, em que o protagonista do filme teria que escolher entre duas pílulas, uma azul que o deixaria no mundo confortável em que vive, ou uma vermelha que o levaria para o assustador mundo real. Eu lembro muito bem de quando ele ter perguntado qual escolheríamos, eu ter respondido sem pensar duas vezes a pílula azul. O projeto Móbile na metrópole mudou isso. Eu vivia no mundo da ilusão, só circulava pelos bairros nobres de São Paulo e não usava transporte público. Eu me recusava a olhar além da minha realidade. Mas após o estudo do meio comecei a viver na São Paulo de verdade, vendo como as coisas realmente eram fora da minha zona de conforto. Vi que na cidade existe muita gente mesmo, gente que trabalha e tem problemas. Circulamos muito no centro, até fomos para uma ocupação, que define bem a situação difícil de algumas pessoas. Esse choque de realidade abriu meus para os problemas da sociedade, e hoje já penso em fazer algo para mudar isso quando me formar. Eu tomei a pílula vermelha, foi essa minha mudança de relação com São Paulo após o projeto MNM.